quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

"Alguma coisa acontece em meu coração (...)" Caetano tem razão.

Hoje mantenho uma relação tranquila com a cidade de São Paulo. A primeira vez que estive por aqui ainda era uma adolescente, numa viagem muito rápida, onde não deu para conhecer quase nada, na ocasião não vi nenhuma coisa de espetacular além de muitos shoping centers, o parque do Ibirapuera, o Instituto Butantã, o Zoológico do Estado, e uma imensidão de arranha-céus a perder de vista. Dez anos mais tarde voltei à Sampa para o casamento de meu irmão, mas o impacto foi de outra ordem, conheci pessoas bacanas, estabeleci relações que duram até hoje, mas a cidade ainda era uma incógnita, nem cogitava lançar uma opinião sobre se seria bom viver numa cidade radicalmente diferente da minha Fortaleza.  Não imaginava que dois anos depois eu iria me estabelecer para iniciar uma carreira academica. Puxa!!! O ano de 2008, não foi nada fácil, tive inúmeras experiências que marcaram visceralmente minha vida e fizeram de mim uma outra pessoa. É impressionante como em um ano, a experiência em outro lugar, outra cultura, com pessoas completamente habituadas a outro modo de vida, mesmo que seja no mesmo país, possa transformar a vida de uma pessoa num giro de 180º. Posso dizer que existe uma outra pessoa depois desse momento em que vivi, e sobrevivi em São Paulo. Por conta de inúmeras experinêcias boas e muitas ou não boas e até decepcionantes, passei um longo período de mal com São Paulo. Asssim como na música de Caetano, entendo que "(...) quando eu cheguei por aqui eu nada entendi", sofri de solidão, aprendi a me virar sozinha, mas me deixei levar de mais pela dureza de morar sozinha, de acreditar que venceria a batalha, arrumaria um bom emprego, passaria num concurso, superaria minhas dificulades e realizaria alguns de meus projetos  tão sonhados, sem beber da fonte de minha terra, de meus amigos e familiares.
Passados mais de dez anos desta rico período, superei tudo isso, conquistei meus projetos, mas em minha terra natal. É evidente que levei um bom tempo para elaborar o que realmente eu vim buscar por aqui, eu vim buscar a mim mesma, vim buscar no desconhecido minha força para viver além do horizonte, mesmo sem realizar os tão almejados sonhos. Hoje posso dizer sem demagogia e de alma lavada: Amo a cidade de São Paulo, seu cosmopolitanismo (se essa palavra realmente existe!), seu modo democrático de aceitar os mais diferentes estilos de ser de cada um de seus habitantes, sejam de descendência nordestina, sulista, japoneza, israelita, grega,  indiana ou alemã. Não por acaso, venho muito à São Paulo, gosto do inverno daqui, das livrarias, dos Sebos, dos cafés, das das exposições de arte, do teatro, dos barzinhos bacaninhas, dos passeios ao centro antigo e das minhas loucas compras na 25 de Março. Além disso, tenho profundos laços afetivos, preciosos para  mim, nela reside parte de minha família, mais uma justificativa para gostar de estar aqui sempre que posso.

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